Argentina aumenta impostos sobre exportações agrícolas; Brasil pode ser afetado
O novo presidente da Argentina, Alberto Fernández, decidiu neste sábado, 14, aplicar uma medida urgente de aumento de impostos nas exportações agrícolas do país. A medida, publicada no Diário Oficial argentino, tem como objetivo amenizar os problemas econômicos dos nossos vizinhos.
Segundo periódicos argentinos como Clarín e La Nación, as taxas sobre a venda de grãos para o exterior serão fixada em 9%, mas podem ser ainda maiores, se somadas a outros impostos já existentes, como é o caso da soja, que já conta com um imposto de 18% e passará a ter uma taxa de 27%. A medida entra em vigor já na próxima segunda, 16, e terá impacto no Brasil, grande parceiro comercial dos argentinos.
Até então, a produção de grãos da Argentina, por exemplo, trabalhava com uma taxação de 4 pesos para cada dólar exportado. O decreto com as mudanças foi assinado pelo presidente Fernández e pelo Chefe do Estado Maior, Santiago Cafiero, além dos ministros da economia, Martín Guzmán e da Agricultura, Luis Basterra.
A medida, no entanto, não agradou a Sociedade Rural Argentina (SRA). “Quando Alberto Fernández foi candidato, ele disse que iria nos consultar, e isso não aconteceu. Com o ministro [Luis Basterra] nos encontramos na quinta-feira e ele não disse nada para nós”, disse Daniel Pelegrina , presidente da SRA, à Rádio Mitre.
O principal produto exportado da Argentina para o Brasil é o trigo. A decisão de Fernández pode impactar imediatamente o preço de alguns produtos que dependem desse insumo, como pães.
Por outro lado, a medida pode beneficiar as exportações brasileiras de soja, já que a oleaginosa argentina em tese ficará menos competitiva.
Do total de produtos agrícolas exportados da Argentina para o Brasil, de acordo com o Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o trigo representa 57%, seguido por cevada em grãos (7,7%) e em menor quantidades vêm outros produtos, como peixes, frutas, carne e cebolas.