Dólar favorece exportações, mas eleva o ‘custo Brasil’
O dólar fechou, na última terça-feira (26), no maior valor nominal da história do Plano Real, desde que a moeda brasileira começou a circular, há 25 anos. A cotação do dia começou com o dólar a R$ 4,213, e terminou o dia valendo R$ 4,239, representando uma alta de 0,63%. Esse valor seria ainda maior, caso não houvesse a intervenção do Banco Central que anunciou dois leilões de dólares no mercado à vista, um pela manhã e outra no meio da tarde, quando a moeda norte-americana chegou ao pico de R$ 4,277.
A variação da divisa, com o ‘encarecimento’ do dólar traz reflexos diretos para a economia brasileira. Não apenas pelo fato dos produtos importados ficarem mais caros, ou então pelas viagens a outros países se tornarem mais caras, mas impacta a macroeconomia de forma geral, refletindo especialmente nas importações e exportações, ou seja, no mercado exterior do país. Se por um lado vender produtos para outros países traz mais rentabilidade, por outro, o ‘custo Brasil’ fica mais caro.
“Se pensar isoladamente, para expo é interessante, porque se vende o produto por um dólar, vai ter em troca R$ 4,23. É um argumento para auxiliar o empresário a exportar. Mas se as empresas importam para compor seu produto, vai pagar mais caro também para produzir”, explica a professora do curso de Administração – Comércio Exterior da UEPG, Adriana Fabrini. Quanto ao ‘Custo Brasil’, ela menciona os combustíveis. “O combustível é diretamente atrelado ao dólar. Se ele sobe, toda a cadeia de abastecimento e a produção em si terão uma elevação dos custos, que farão o produto subir”, explica.
Para a balança comercial de Ponta Grossa, por sua vez, a professora acredita que essa alta no dólar fará com que haja um incremento nos números. Como ela explica, isso ocorre porque a base das exportações de Ponta Grossa está na soja e nos produtos derivados desse grão, ou seja, bens não manufaturados, ou com leve processamento, cuja produção não é impactada por importação.
Alta ocorre por diversos fatores
Além do dólar, o euro também subiu, e atingiu a marca de R$ 4,67. São diversos os fatores que impactam no dólar e no euro subindo. Há os fatores externos, como as turbulências em países da América Latina e a tensão comercial no acordo entre Estados Unidos e China. Porém, segundo analistas, foi intensificado por depoimentos do Ministro da Economia, Paulo Guedes, na segunda-feira, quando disse que o “câmbio alto é consequência do novo regime fiscal do país”. Segundo ele, quando a política fiscal é mais forte e o juro mais baixo, o câmbio de equilíbrio é mais alto.